sábado, 29 de outubro de 2011

Mais um camarada...

17:48.  Domingo.  Ele encara a televisão a sua frente com um olhar morto.  Não está ali.  Nunca está.  Ele se analisa por um momento.  Camiseta branca cavada suja de mostarda, samba-canção, barba por fazer... "Oooooh desgraça!" pensa ele.  "O que aconteceu comigo?!  Com tantos sonhos, perspectivas... Eu poderia mudar o mundo!  Eu iria fazer toda a diferença!  Mas então... o que aconteceu?  Eu arrumei um emprego, e o ser que vivia a esperança de deixar a sua marca, hoje é apenas mais um zombie neste cretino universo onde apenas quem morre para sonhos consegue pagar as contas no final do mês... E hoje?  O que restou de mim?  Apenas a vaga lembrança do vivaz rapagote que eu era aos meus vinte anos.  O que eu poderia fazer?  Eu poderia mudar o mundo?!"  De repente, um sorriso espontâneo apodera-se de seu rosto.  "Eu posso mudar o mundo!  Eu ainda posso fazer a diferença!"  Ele se atira de seu sofá para o tapete encardido, no meio de sua sala.  Com um braço apontado para o céu (na verdade, para o ventilador empoeirado no teto acima dele), ele se sente um novo homem.  Ele acordou para o mundo.  Se sente vivo novamente.  Repentinamente ele ouve algo.  Cai novamente no sofá.  Sua feição assume um tom morto.  "Deixa a epifania para mais tarde... Está começando o Domingão do Faustão..."

domingo, 23 de outubro de 2011

Seu

Caminho de meus dias me leva
Até aquela que me faz sentir
Ridiculamente apenas um ser diante, cego
Ou ignorante por desacreditar que não consegui
Ligar os pontos de maneira a perceber, que
Idiota eu sou na sua presença, mas 
Nada faz eu me sentir como você o consegue com maestria... só me resta dizer
Eu te amo, e a culpa é só sua.



Voltando à boina...

Aaaaa existência... esta mesma que pode provocar alegrias mil, pode ela também provocar a incessante amargura do ser.  A inquietude que assola o homem nos primórdios de sua maturidade só é saciada quando este é abatido pelas obrigações que lhe invadem a vida.  E para que?  Muitas vezes, apenas para calar-lhe o espírito.  E quase sempre, o ser estagna.  Para.  Morre de dentro para fora, tornando-se assim apático.  Chato.  Cotidiano.  Horas vão, horas vem... Cabelos crescem, cabelos caem... ano, década... O pior de tudo, é passar décadas morto e acordado.