segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Monções

Tal qual o vento que deságua sobre a face limpa, o sentimento vem e leva embora.  A sensação deixa resquícios sabor agridoce no ser.  Entregar-se.  Abrir os braços e deixar com que o sol veja seu corpo casto sem que nada caia sobre si.  Raro.  Inseguro é porque sentimentos possui.  O vento soprou... o estrago já esta feito.  O paladar sofre as consequências da emoção.  O ser pretende, mas a razão sufoca.  E derruba.  Não adianta lutar contra ela; ela existe e não a nada que se possa fazer sobre isso.  O que adianta é permanecer de pé e aprender a filtrar as coisas através dela.  Esperar para mostrar-se.  O céu se adianta ao ser e coroa a sua vitória.  Vale a pena.  O que o segundo cobra, a eternidade recompensa...

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Passageiro...


No banco traseiro de um Civic 2005 preto, de cabeça baixa.  O pescoço se movimenta levemente para a esquerda, e então, a cabeça se levanta.  O céu está levemente nublado.  Uma leve sinfonia de cores tons de cinza ao fundo regida por um coro de nuvens espaçosas e folgadas.  O pensamento se transporta para perto daquela que está ao longe, para além da tempestuosa orquestra que se arma nos céus.  Todos os pensamentos de incertezas, de alegrias e tristezas, de solidão e companheirismo se organizam de maneira caótica.  Penso sobre momentos em que posso ter agido de forma errada.  Pensar sobre isso pode ser depressivamente epifânico.  Parece que, por mais que se queira fazer funcionar, não nos cabe enganar as circunstancias e o acaso.  Vinicius de Moraes:  "Que não seja eterno, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure"... O sentimento de eternidade, segundo após segundo é a mais bela dádiva de qualquer paixão.  Fixar suas ideias em falhas acho que o possibilita mais lembranças, mas não te impede de ser eternamente "jovem demais para impedir que um bom amor dê errado...". Paro por aqui a divagação.  Jeff Buckley, você tem a palavra...